REDAÇÃO - Até onde vai o amor de um irmão pelo outro? A história de Emilly Kelly Rodrigues Alves, uma operadora de caixa de 18 anos, moradora de Manhuaçu, em Minas Gerais, responde esta pergunta. Ela "se tornou mãe" dos filhos da irmã, falecida em um grave acidente no dia 14 de agosto deste ano, na rodovia ES 166, na Serra de Santa Justa, em Castelo, no Sul do Espírito Santo.
Larissa Cristina Caldeiras Alves, de 25 anos, foi a Cachoeiro de Itapemirim levar os filhos, o bebê Conrado Emanuel Alves de Almeida, de oito meses, e Dulce Maria Alves de Almeida, de apenas 4 anos, para visitar o pai na prisão. O sogro de Larissa estava ao volante do Ford Ka.
No retorno para Manhuaçu (MG), onde morava, segundo a Polícia Militar, o carro invadiu a pista contrária na altura de Castelo, Espírito Santo, e colidiu de frente com uma carreta. Houve um princípio de incêndio no veículo, controlado por populares. Larissa morreu no local. As crianças e o motorista foram socorridos e levados para hospitais da região.
"Com o impacto, ela foi arremessada para a frente do carro e sofreu politraumatismo. As crianças estavam presas nas cadeirinhas e tiveram ferimentos. A Dulce Maria ficou dois dias intubada e quebrou um dos braços, e o Conrado quebrou três costelas, mas, graças a Deus, as crianças ficaram bem. Acredito que, se minha irmã estivesse usando o cinto de segurança, ela não teria falecido", relata Emilly Kelly Rodrigues Alves, de 18 anos.
A irmã de Larissa relembra como soube da tragédia: "Eu estava em casa e sabia que minha irmã estava em viagem para visitar o marido. Uma amiga dela veio até minha casa e me disse que o sogro, que estava dirigindo o carro, havia ligado, pedindo para eu ir ao hospital no Espírito Santo para ficar com os meninos. Até então, eu não sabia que ela tinha morrido. No meio do caminho, comecei a receber várias mensagens falando que ela havia falecido, porque já estavam circulando fotos e a notícia tinha começado a se espalhar. Fiquei desesperada. O pessoal da perícia também mandou mensagem", contou.
“Minha irmã estava vivendo um sonho. Os filhos dela eram tudo para ela. Às vezes, nem acredito que tudo isso aconteceu. Fico com a sensação de que ela vai voltar”
Emilly disse que a mãe dela, madrasta de Larissa, ajuda na criação dos netos de consideração. Após o acidente, a irmã de Larissa se sentiu responsável pelos sobrinhos, sobreviventes da tragédia.
"Assim que ela morreu, já veio na minha cabeça que ela iria querer que os meninos ficassem comigo, porque eu era a pessoa mais próxima dela. Quando meu cunhado soube, ele também disse que queria que eles ficassem comigo. Minha vida mudou muito. Agora eu vivo pelos meninos, um bebê e uma menina de 4 anos. Eles precisam de muita atenção. A menina fala muito da mãe. Minha rotina mudou completamente", contou Emilly.
"A menina de 4 anos entende muita coisa. Ela era muito apegada à mãe, fala o tempo todo sobre ela. Eu evito chorar perto dela, porque quando percebe, ela também chora. Tento ao máximo não chorar na frente deles. O menino me vê como a mãe dele. Ela está fazendo acompanhamento com psicólogo, mas tem sido muito difícil para ela", relata a irmã da jovem morta no acidente.
“Agradeço muito a Deus pela vida dos meninos. Eles são um pedaço dela comigo. São meus únicos sobrinhos, e o amor que sinto por eles se tornou um amor de mãe”, Emilly Kelly Rodrigues Alves.
Wilson Rodrigues / A Gazeta