SÃO JOÃO DO MANHUAÇU (MG) - A NetZero, green tech francesa, em parceria com universidades federais de Minas Gerais e do Espírito Santo, realizou um estudo para avaliar o impacto do biochar na produtividade dos cafezais. Produzido com a palha do café, o biochar é um material rico em carbono e usado como condicionador de solo. Conforme os estudos, houve um aumento mínimo de 27,1% e máximo de 50% na média de produtividade do café arábica. Agora, a NetZero está aportando R$ 20 milhões em uma nova unidade em São João do Manhuaçu, na Zona da Mata de Minas Gerais. A unidade terá capacidade de produzir 4 mil toneladas de biochar.
O estudo foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A avaliação aconteceu em quatro fazendas – uma delas com duas áreas testadas -, nos municípios de Lajinha, Mutum, Martins Soares – todos em Minas Gerais – e em Afonso Cláudio (ES). O levantamento avaliou a aplicação de biochar em uma lavoura de café arábica, das variedades acauã, arara e catucai.
Conforme o cofundador e diretor-geral da NetZero, Olivier Reinaud, o estudo comprovou cientificamente os benefícios do uso do biochar. A expectativa é que os resultados estimulem outros cafeicultores a utilizarem o produto, que além de promover a produtividade, ainda pode reduzir em até um terço a aplicação dos fertilizantes químicos no solo, tornando a produção do café mais sustentável e produtiva.
“O biochar é um produto novo e temos o desafio de vender para os produtores. O resultado dos estudos comprova os benefícios. Fizemos, juntamente com as universidades federais, uma série de ensaios agronômicos dentro das fazendas. Foi um trabalho colaborativo e avaliado de maneira bem cientifica com as universidades. Os resultados são muito bons, em média, a produtividade avançou mais de 20%. É um aumento muito significativo e muito maior do que o alcançado com fertilizantes clássicos e outros insumos”, explicou Reinaud.
Fazendas apresentam avanços significativos com biochar
Em Minas Gerais, maior Estado produtor de café do País, os testes apresentaram resultados bastante positivos. O biochar atua como uma poderosa “esponja de carbono”, ajudando na retenção de água e nutrientes no solo. Por ser natural, contribui também para a redução das emissões de carbono e das mudanças climáticas.
Em Lajinha, nas Matas de Minas, o biochar foi testado no Rancho Alvorada. Na unidade, a produtividade aumentou, em média, cerca de 17,6 sacas por hectare, o que representa um incremento de 45,6% na produtividade quando comparado com a produção obtida sem a aplicação de biochar.
Em Martins Soares, os testes nas Fazendas Klem mostraram um aumento de 20,9 sacas por hectare, o que representa um incremento de 46,9% na produtividade. Já em Mutum, no Sítio Canário da Terra, o uso do biochar gerou um incremento de 6,6 sacas por hectare, representando, assim, um aumento de 106% na produtividade de café. Além disso, as plantas apresentaram um melhor desenvolvimento vegetativo (12,6% maiores) e uma maior produção de grãos.
Além dos resultados positivos obtidos na produtividade do café, o uso do biochar, que é um produto natural, torna a produção mais sustentável, característica que vem, a cada dia, despertando mais a atenção das tradings pelos grãos.
“Algumas tradings têm interesse em comprar o café mais sustentável. O biochar é uma das principais soluções para isso. É uma oportunidade de aumento da renda pelos ganhos em volume e agregação valor”, acrescentou o diretor-geral da NetZero.
Expansão
A expectativa positiva em relação ao mercado para o biochar e o grande potencial para a produção do condicionador de solo, que é feito em parceria com cooperativas de café, a NetZero segue investindo em unidades fabris. Além disso, a empresa também pretende ampliar as opções de insumos para a produção do biochar, incluindo também a cana-de-açúcar.
Com duas plantas em operação no Brasil, localizadas em Lajinha, em Minas Gerais, e Brejetuba, no Espírito Santo, a NetZero está aportando R$ 20 milhões em uma nova unidade em São João do Manhuaçu, na Zona da Mata de Minas Gerais. A unidade terá capacidade de produzir 4 mil toneladas de biochar ao ano e a expectativa é inaugurar neste primeiro semestre.