Portal Caparaó - Campanha da Fraternidade é lançada em Manhuaçu

A Amazônia Legal é o foco da Campanha da Fraternidade deste ano. Com o lema Amazônia e Fraternidade – Vida e missão neste Chão, a campanha tem o objetivo de sensibilizar as pessoas para a preservação e o uso sustentável das florestas, além de incentivar o respeito pelas populações que moram na região.

A campanha foi lançada oficialmente em Belém (PA). A escolha da capital paraense baseou-se no fato de um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter apontado o Pará como o estado com maior índice de desmatamento entre os que compõem a Amazônia Legal.

Em Manhuaçu, as celebrações da quarta-feira já marcaram a abertura da campanha. Em entrevista, o Pároco de São Lourenço, Padre Renato Borges, destacou que mesmo distante a Amazônia é um tema de todos: “É bom começar por aqui mesmo. Os brasileiros têm muito preconceito com a Amazônia, pensam que só tem água, mato, bicho e índio. É uma oportunidade de conhecer a Amazônia e se identificar com as dificuldades e as crises que as pessoas têm por lá e também entrar na questão da ecologia, dos cuidados com o planeta. Já que o agir é global, não podemos ficar apenas repetindo que a Amazônia é o pulmão do mundo”.

Embora a Amazônia esteja na ordem do dia, devido ao recente relatório científico sobre o aquecimento mundial no planeta, o sacerdote explicou que o assunto foi definido há dois anos. “Queremos que todos criem consciência sobre os verdadeiros problemas, que não são apenas ambientais. Há exploração de trabalhadores, busca de lucros a qualquer custo, crescimento desordenado e violência. Pretendemos despertar a população também para a beleza e variedade dos recursos naturais da floresta”, afirma o padre.

Com o livro da CF 2007 em mãos, o sacerdote lembra que numa das passagens, um índio da Amazônia reflete: “´Deus perdoa sempre, o homem perdoa às vezes e a natureza nunca perdoa´. Que possamos dar as mãos e possamos cuidar do indivíduo e do meio em que ele está”.

Padre Renato ainda comentou a questão de Tarumã – uma comunidade com 80 mil habitantes, mas que não tem paróquia, igreja – que precisa de atenção. “São apenas duas capelas na periferia de Manaus e que têm muita carência, principalmente na questão da evangelização. Os Missionários Sacramentinos estão assumindo essa região, mas a exemplo disso, muito precisa ser feito na Amazônia”, declarou.

A luta pelos direitos dos primeiros habitantes é outro desafio da campanha “Fraternidade e Amazônia”. Na sua ação evangelizadora, a CF 2007 quer gerar, na sociedade, a discussão do assunto à luz da ética, justiça, respeito à vida e solidariedade. “Não basta criticar os povos que fazem queimadas e tal, temos que analisar as condições de vida dos moradores de lá”, afirmou.

QUARESMA

A CF coincide com o tempo da quaresma e tem sua base na proposta de reflexão que marca esse período. Sobre a questão do jejum, Padre Renato Borges diz que é preciso ver essa atitude como algo muito maior do que a simples abstinência: “A orientação do Código de Direito Canônico e o Catecismo da Igreja prescreve o jejum para quem tem de 14 até os 70 anos com a prudência necessária, que é reduzir pela metade os alimentos. É abrir mão de algo por outra coisa. Não é deixar de comer hoje para comer dobrado amanhã. É fazer um gesto de comunhão com aqueles que não têm e consigo mesmo. O jejum é exercitar a vontade da pessoa de superar a fragilidade, um exercício de amadurecimento da fé e como pessoa também”.

O jejum é prescrito quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão. No Brasil, a CNBB coloca também as sextas-feiras como dia de abstinência de carne. “Em virtude de um exercício maior da fé e não para trocar por peixe, que é até mais caro”, detalhou.

Em todas a Igrejas, atividades marcaram o início da Quaresma com a tradicional Missa de Cinzas. Em 1º de abril, Domingo de Ramos, haverá coleta em todas as paróquias do país, criando-se um fundo solidário para projetos na região amazônica dentro da proposta da CF 2007.

Carlos Henrique Cruz - 23:14 - 22/02/07