MANHUAÇU (MG) - A Polícia Militar prendeu uma mulher de 27 anos, suspeita de cometer injúria racial contra uma moradora de 32 anos. O caso foi registrado no último domingo, 16, no bairro Engenho da Serra.
A vítima foi chamada de "macaca, negra e horrorosa", enquanto estava em casa. Tudo começou após um atrito entre ambas, na noite de sábado. Inconformada com a situação, a suspeita foi até à casa da vítima, Arielly Fagundes Gomes Cabral, 32 anos, a autora foi à sua residência, desferiu chutes no portão da residência da vítima e, em seguida iniciou falas de ameaça, dizendo que a vítima teria de mudar do bairro, além de injúria racial, chamando-a de “macaca, feia e cabelo bombril.
Durante conversa com os policiais militares, a suspeita admitiu que foi até a residência da vítima e praticou a ameaça e injúria racial. Com a mulher, a polícia também localizou uma faca, que foi apreendida. As envolvidas foram encaminhadas para a Delegacia de Polícia. A acusada passou por audiência de custódia, na segunda-feira,17, e colocada em liberdade provisória cumulada com as medidas cautelares, dentre elas, manter distância de 500 m da vítima.
Desrespeito pela cor da pele
Indignada com o ocorrido, a vítima procurou a reportagem para falar sobre o trauma sofrido, a fragilidade diante de um desrespeito para com o ser humano, que ainda está sendo tratado com indiferença e, o racismo presente na sociedade, em pleno Século XXI. Para Arielly Fagundes, sua decisão em falar veio exatamente no dia em que se comemora, o Dia ia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1966.
Ela chama a atenção da sociedade sobre a “discriminação racial” velada, que acontece nos dias atuais, cometida por pessoas que integram a mesma sociedade. Alguns ainda tem a sensação da impunidade, outros por quererem desfazer da outra pessoa pela cor da pele. Esquecem que, quem pratica injúria relacionada a raça, cor, etnia, ou procedência nacional, agora poderá ser punida com reclusão de 2 a 5 anos e, a pena poderá ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. “Eu estou abalada, meus vizinhos ficaram abalados. Minha família ficou arrasada, ao ouvir essas ofensas de injúria contra mim. Só quem sofre, sabe o quanto é dolorido ser chamada de “macaca”, cabelo bombril e ainda sofrer ameaças. Não podemos admitir isso e, sempre vou lutar pelo respeito. Não vou me calar e, enquanto existir lei e pessoas na luta, esse tipo de pessoa que não respeita os outros, não ficará presente na sociedade”, desabafa Arielly Fagundes Cabral.
Eduardo Satil / Rádio Caparaó