MANHUAÇU (MG) – Pequenas produtoras e empreendedoras da cadeia de café das Matas de Minas participaram, no dia 24 de março, de uma oficina sobre sustentabilidade e conformidade ao novo Regulamento Europeu de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR). O evento ocorreu no auditório do Sicoob Credilivre, em Manhuaçu, e integrou o projeto Arabica-Canephora, promovido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces), em parceria com o CSCP e a International Women’s Coffee Alliance (IWCA Brasil), com cofinanciamento do programa AL-INVEST Verde da União Europeia.
A oficina teve como foco orientar as cafeicultoras sobre práticas sustentáveis na produção de café e os requisitos do EUDR, que entra em vigor para micro e pequenas empresas em junho de 2026. O regulamento proíbe a importação de produtos derivados de commodities cultivadas em áreas desmatadas, impactando diretamente o setor cafeeiro brasileiro, já que a União Europeia é o principal destino das exportações nacionais.
Beatriz Morganti Brandão, pesquisadora do FGVces e gestora do projeto, destacou que o encontro representa uma etapa fundamental para disseminar boas práticas identificadas após um diagnóstico realizado entre janeiro e fevereiro com as participantes. “Estamos discutindo experiências que contribuem para que a cadeia do café seja mais sustentável e alinhada às exigências do EUDR”, afirmou.
A oficina também prestou homenagem ao mês da mulher, com abordagens sobre direitos humanos e igualdade de gênero, promovendo dinâmicas de grupo e discussões sobre o papel da mulher na cafeicultura.
A região das Matas de Minas, Rio Doce e Central representa cerca de 23% da produção de café de Minas Gerais. Dados preliminares do projeto mostram que 100% das cafeicultoras do Cerrado Mineiro atuam com agricultura familiar, sendo que 14% já exportam para o mercado europeu, o que reforça a necessidade de adequação às novas exigências ambientais.
Adriana Ballon, do CSCP, destacou a importância dos workshops: “Vamos, juntos, fortalecer o papel das mulheres e construir uma cadeia do café mais resiliente e sustentável”.
Mariselma Sabbag, presidente da IWCA Brasil, ressaltou que o projeto contribui para que as mulheres compreendam o regulamento europeu e como adequar suas práticas. “As oficinas oferecem orientações importantes e reforçam o protagonismo feminino na produção de café sustentável.”
O ciclo de oficinas segue por outras quatro regiões: Araguari (MG), Três Pontas (MG), Ibicoara (BA) e Rolim de Moura (RO), e será concluído ao longo de 2025. O objetivo do projeto Arabica-Canephora é promover práticas sustentáveis, tecnologia e inclusão de mulheres e jovens nas cadeias produtivas do café, preparando o Brasil para o futuro da cafeicultura em sintonia com o mercado internacional.