MANHUAÇU (MG) - A música brasileira perdeu um de seus grandes expoentes culturais com a morte de Chico Bread Rocha. O artista, nascido em 25 de maio de 1948, em Rio Piracicaba (MG), e residente em Manhuaçu, faleceu nesta sexta-feira (25/04) deixando um legado de inovação, paixão e compromisso com a arte popular. O sepultamento ocorreu neste sábado, 26/04, no cemitério municipal.
Chico Bread foi um defensor incansável da música autoral e da cultura brasileira. Criador do projeto "Faca Amolada – No Olho da Rua", ele levou sua arte a praças, ruas, palcos e festivais em Minas Gerais e em vários estados do país. O trabalho do grupo quase cruzou fronteiras internacionais: uma turnê pela Europa chegou a ser planejada, mas foi interrompida pela pandemia da Covid-19.
O "Faca Amolada" tornou-se símbolo de resistência artística e amor à música. Misturando influências da bossa nova, samba, música regional, jazz, blues e canções latino-americanas, o grupo, sob a liderança de Chico Bread, apresentava uma sonoridade única e envolvente.
Ao lado da filha Isadora Rocha, que assumia os vocais, o projeto conquistava o público com espetáculos que iam além da música. As apresentações eram sensoriais, marcadas por figurinos elaborados, arranjos surpreendentes e forte identidade artística. Isadora, multi-instrumentista, agora enfrenta o desafio de dar continuidade ao legado do pai, transformando a dor da perda em arte.
Chico Bread também era poeta, escritor, artesão e pintor. Sua produção artística circulava das ruas aos grandes palcos, sempre carregada de sensibilidade e intensidade. No auge da criatividade, foi surpreendido pelo diagnóstico de leucemia. O tratamento em Muriaé (MG) foi breve, e a despedida, dolorosa para familiares, amigos e admiradores.
O artista deixa uma lacuna irreparável no cenário cultural de Minas Gerais e do Brasil. Sua obra, no entanto, seguirá viva, inspirando novas gerações de músicos e amantes da cultura popular.
Teógenes Nazaré