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Prestes a completar seis anos de existência, a Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz (Abraluz) comemora os resultados do Caminho da Luz. Além da divulgação da região, o trajeto entre Tombos e o Pico da Bandeira já foi percorrido por 7.500 pessoas e hoje fomenta as cidades e vilas por onde se estende. Baseado num conceito forte de superação e instropecção, o caminho é exemplo de acolhimento e solidariedade numa paisagem cativante de montanhas, fazendas e cachoeiras pela rota dos antigos tropeiros.
Albino Neves é um peregrino com experiência nos Passos de Anchieta, no Caminho de Santiago de Compostela (Espanha), nos Passos de Jesus (Israel e Palestina), ao Sepulcro de Pedro (Roma/Vaticano), ao Sepulcro de Aarão (Petra/Jordânia) e ao Santuário de Fátima (Portugal). Quando retornou ao Brasil, foi chamado a pensar no Caminho da Luz. “Fui intuído a criar o Caminho da Luz, uma rota de peregrinação que tem início em Tombos, onde está situada a quinta maior cachoeira em volume de queda d’água do país, e é concluído no Pico da Bandeira, o terceiro mais alto do país e o primeiro mais alto acessível”, afirma o presidente da Associação.
A princípio, a pretensão era remontar uma rota que era percorrida por tropeiros, religiosos e aventureiros na travessia dos Estados do Rio de Janeiro para o Espírito Santo, passando por Minas Gerais, e também proporcionar à região uma alternativa turística.
Hoje, Albino Neves diz que o caminho se mostrou muito mais bonito do que essa proposta inicial: “Tem gente que vem por esporte. Tem gente que vem por religiosidade, tem gente que vem pelo misticismo. Mas, na verdade, o caminho tem 30 centímetros. Ele liga a mente ao coração e o coração à mente. A partir do momento que o homem descobre esse caminho, todo o caminho se torna mais fácil”.
O escritor e peregrino conta que o perfil do caminhante é muito diversificado. Vai de executivos que correm da agitação das grandes cidades a pessoas que estão precisando rever seus passos na vida. “É um processo de conhecimento próprio. Introspecção que nos conduz a um maior conhecimento de nós mesmos, de nossos defeitos e virtudes e da nossa pequenez diante do Criador, dando-nos a certeza de que, quanto mais temos, mais sofremos, mas também a certeza de que, quanto mais caminhamos em direção à luz, mais nos aproximamos de Deus”.
A rota de peregrinação tem 195 km de extensão, num trecho que faz divisa com o noroeste do estado do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo. Região montanhosa da serra do Caparaó, com altitudes variando entre 238m, na Cachoeira de Tombos (início do Caminho) e 2.892m no Pico da Bandeira (final).
ENCONTRO
O Caminho da Luz vai além do encontro pessoal. Ao percorrer os quase duzentos quilômetros, o caminhante experimenta uma sensação única no acolhimento e simpatia dos moradores.
Não há uma pequena fazenda, simples e humilde, que não esteja com um grande coração aberto para receber os caminhantes. Comida mineira típica, hospedagem nas casas dos moradores, nas comunidades que sequer têm hotel. Para quem vive nesse percurso, é uma satisfação poder acolher os viajantes. Até hoje, 55 mil hospedagens foram utilizadas no percurso.
Outra forma de encontro são as caminhadas coletivas. Hoje em dia são menos comuns, já que sempre há pessoas caminhando. “No início era uma forma de divulgar e integrar os caminhantes, agora já existe uma presença constante nas trilhas da Luz”, explica Albino.
Mesmo assim, ele diz que estão sendo organizadas caminhadas coletivas com limite de participantes, até por conta da estrutura do percurso. Ele ressalta a vantagem dessa experiência: “Você conhece gente diferente e quando você vai numa coletiva que você vê gente do Brasil inteiro e até de outros países. É uma forma de você trocar experiências, aprender sobre você mesmo. Também isso é o mais importante, você conhecer, testar os seus limites, ter capacidade de convivência, de resistência e tudo mais que envolve o caminho”.
Carlos Henrique Cruz - 18/07/07 - 18:19 - portalcaparao@gmail.com
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