Professores de Manhuaçu participaram da assembleia em BH |
Depois de 35 dias de braços cruzados, alunos em casa e pais preocupados com o ritmo dos estudos dos filhos, os professores da rede estadual de Minas devem retomar as atividades sem que a principal reivindicação, o aumento de salários, tenha sido atendida. A decisão oficial depende de uma assembleia marcada para a próxima terça-feira, mas ontem, após uma reunião com a secretária estadual de planejamento e gestão, Renata Vilhena, a coordenadora do sindicato que representa a categoria admitiu, pela primeira vez desde o início do movimento, a possibilidade de interromper a greve. "Conseguimos avançar. Essa reunião foi importante porque conseguimos voltar às negociações", disse Beatriz Cerqueira, do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).
Segundo a sindicalista, a decisão está nas mãos dos professores. Ela considerou como positiva a promessa da secretária de não cortar os dias parados e manter os grevistas nos cargos. "Vou repassar o que foi conversado hoje (ontem) aos professores na próxima assembleia. Eles é que vão decidir".
Os professores em Minas estão em greve desde o dia 8 de abril. Uma decisão da Justiça, no último dia 4, considerou a greve ilegal.
A reunião de ontem não mudou muito o que já vinha sendo negociado entre professores e governo em relação a outros pontos da pauta de reivindicações. A maior parte das exigências havia sido acordada num encontro seis dias após o início da greve. Desde então, o impasse do movimento passou a ser o reajuste dos salários.
Mobilização na frente da ALMG |
Os representantes dos professores deixaram o encontro de ontem com a promessa da secretária de Planejamento de que será feito um estudo sobre as formas de incorporação das gratificações ao vencimento básico da categoria. Os professores querem elevação do piso salarial - de R$ 850 para R$ 1.312. O governo alega que por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRP) e a lei eleitoral, está impedido de aumentar os salários e oferece piso de R$ 935.
"Nós queremos que os professores voltem às salas de aula para que diminua todo o prejuízo que já foi causado durante este mês de paralisação", disse a secretária Renata Vilhena.
Secretária diz que não terá demissões
A coordenadora do Sind-UTE disse ontem que a entidade recebeu informações de que estariam ocorrendo demissões em escolas da capital e no interior. Beatriz Cerqueira afirmou, no entanto, que o sindicato não fez o levantamento de onde ocorreram as dispensas.
A secretária de Planejamento, Renata Vilhena, no entanto, informou não ter conhecimento de demissões provocadas pela greve. Ela garantiu que qualquer decisão nesse sentido será revertida, a partir do acordo firmado ontem com a categoria.
A sindicalista afirmou que, apesar de a greve ter sido considerada ilegal pela Justiça, os professores mostraram que estão mobilizados.
Jornal O Tempo