O governador Aécio Neves instituiu, na terça-feira, grupo de trabalho para definir um plano de ação para recuperar a Bacia do Rio Doce nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O plano incluirá projetos de desenvolvimento sustentável, com foco na vocação regional, visando à geração de emprego e renda para a população da região, incluindo os municípios das sub-bacias, como a do rio Manhuaçu. A decisão do governador foi tomada após receber, no Palácio da Liberdade, o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, o empresário Eliezer Batista, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Minas Gerais (Cdes) os secretários de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, e de Desenvolvimento Econömico, Wilson Brumer e empresários do setor de celulose.
Segundo José Carlos Carvalho, a recuperação do Rio Doce está entre os principais interesses do governador Aécio Neves na área do meio ambiente. Ele lembrou que, no ano passado, Aécio Neves se reuniu com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, para debater o tema. Disse também que o plano de recuperação prevê ações integradas dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo em parceria com a iniciativa privada.
“A Bacia do Rio Doce, juntamente com a do Mucuri, constituem as duas bacias hidrográficas mais degradadas do Sudeste brasileiro e isso implica a necessidade de um esforço adicional, tanto na esfera de governo, quanto em relação àquilo que pode ser feito pela iniciativa privada, para iniciar um programa amplo de recuperação hidro-ambiental da bacia com foco no desenvolvimento sustentável. Hoje, tratamos exatamente do escopo desse programa de desenvolvimento sustentável da Bacia do Rio Doce”, afirmou o secretário, em entrevista.
METAS E CUSTOS
O grupo de trabalho irá definir as intervenções necessárias à recuperação da Bacia do Rio Doce e os projetos a serem desenvolvidos. O grupo irá também estabelecer metas e quantificar os custos necessários às obras. “A expectativa é que em 30 dias, possamos voltar a fazer uma reunião com o governador Aécio Neves, com esses dados e esses números já disponibilizados”, informou José Carlos Carvalho.
O secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais afirmou que um dos projetos que deverão integrar o plano de recuperação do Rio Doce é a criação de Pólo de Desenvolvimento Florestal. A criação do pólo deverá envolver o trabalho conjunto dos governos de Minas e Espírito Santo e do governo federal.
“O Pólo de Desenvolvimento Florestal deverá se localizar no eixo que vai de João Monlevade, na bacia do Piracicaba, e a sua foz no Vale do Aço, e daí em toda a extensão do Rio Doce até o Atlântico, envolvendo os governos de Minas, do Espírito Santo e o governo federal, que também terá um papel relevante nesse processo”, destacou José Carlos Carvalho.
O secretário lembrou que existe uma grande quantidade de terras subutilizadas e degradadas no Vale do Rio Doce que precisam ser recuperadas. Segundo ele, a atividade florestal se revela como a mais recomendável para o aproveitamento econômico e ecológico dessa região do Estado.
“A criação do pólo florestal já leva em conta as possibilidades de captura de CO2 na medida em que você associa o reflorestamento ao seqüestro de dióxido de carbono em face da necessidade de se reduzir as emissões de CO2, como já está previsto pelas Nações Unidas”, alertou o secretário.
PARCERIA COM EMPRESÁRIOS
O empresário Eliezer Batista afirmou que a iniciativa privada deverá desempenhar um importante papel como parceira dos governos estaduais na execução do plano de ação para o Rio Doce. Ele ressaltou a importância do plano para a geração de emprego e renda.
“A iniciativa privada terá uma posição muito importante na criação de emprego. Grande parte dos projetos serão privados. Alguns deles ficam com o governo associado à iniciativa privada. O importante é saber que isso tem uma significação econômica real e não é uma coisa onírica ou romântica apenas. Vai se criar empregos”, disse.
De acordo com Eliezer Batista, o projeto de desenvolvimento sustentável começa pelo tratamento dos recursos hídricos, das florestas e da sua utilização, e da integração de riquezas agregadas, aproveitando os metais, minerais, industriais e outros produtos disponíveis na região.
“Toda a indústria de metais. Metais ligados a metais nobres como o silício para produção de “chips” para computador, produção de placas solares para energia fotovoltáico, bioenergia, biodiesel, etanol. Tudo isso está contemplado nesse contexto”, afirmou o empresário. Agencia Minas - 04/03/06 - 09:12