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Mapa da Violência: Cidades da região estão fora da lista

03/03/2007 - Atualizado em 15/03/2007 15h22

 

As mortes por homicídios no Brasil concentram-se em 556 de 5.560 municípios brasileiros, ou seja, cerca de 10%, segundo um estudo elaborado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) com apoio do Ministério da Saúde. Dos 48.345 óbitos por esta causa, registrados em 2004, 34.712 – mais de dois terços – aconteceram nessas cidades. De acordo com o estudo, com base em dados de 1994 a 2004, isso mostra um crescimento da violência no interior do país, e não só nas grandes capitais e regiões metropolitanas. Longe das cifras assustadoras das cidades como Betim e Contagem, os municípios da região formam uma ilha de tranqüilidade, principalmente se forem considerados os dados do Espírito Santo. Na região, figuram entre as 556 cidades, Governador Valadares (207º) e Teófilo Otoni (140º). Os outros municípios estão bem abaixo na relação total de cidades brasileiras.

O estudo ampliou as pesquisas sobre violência, até então realizadas nos grandes centros. As mortes violentas vêm ocorrendo com maior intensidade no interior, principalmente na região Centro-Oeste. Entre as dez cidades com maior taxa de mortalidade, quatro são do Mato Grosso - Colniza (1º), Juruena (2º), São José do Xingu (5º), Aripoanã (8º). Os demais são Coronel Sapucaia (MS), em 3º, Serra (ES), em 4º, Vila Boa (GO), em 6º, Tailândia (PA), em 7º, Ilha de Itamaracá (PE), em 9º, e Macaé (RJ), em 10º.

A cidade mais violenta, Colniza (MT), registrou, em 2004, 165,3 óbitos por 100 mil habitantes. No país, a média foi de 27,2 mortos na mesma comparação. A primeira capital brasileira na lista das cidades mais violentas é Recife, em 13º lugar, com registro de 91,2 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes. Na seqüência, longe da lista dos dez mais violentos, vem Vitória (ES), Goiânia (GO) e Rio de Janeiro (RJ).

A partir de 1999, observou-se uma "estagnação" dos índices violência nos grandes centros e o deslocamento dessa realidade para o interior dos estados, onde, segundo o estudo, "violência continuava crescendo a um ritmo maior que o anterior". "Este mapa busca aprofundar as investigações sobre um fenômeno que há muito deixou de pertencer apenas aos grandes centros urbanos. A interiorização da violência vem-se revelando como mais um desafio para toda a sociedade brasileira", registra o estudo de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz.

LESTE DE MINAS

O mapa da violência mostra a região do Leste de Minas como um reduto de tranqüilidade, principalmente se for comparado a outras áreas do estado e até mesmo ao vizinho Espírito Santo onde cidades capixabas encabeçam a lista de homicídios. Na região, a cidade que mais se destaca é Teófilo Otoni, no Vale do Jequitinhonha, que aparece na 140ª posição no ranking.

Ao comparar os números para a macrorregião de Manhuaçu e os municípios da área do 11º Batalhão de Polícia Militar é interessante analisar como estão posicionadas as cidades, apesar de nenhuma delas figurar entre as 561 (10% do total, consideradas as mais violentas do país).

Valadares apresenta média de 46 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes, em seguida aparece Ponte Nova com 26,1; Durandé com 18,1 e Pocrane e Santa Bárbara do Leste com 17,7. A sexta posição é ocupada por Mutum (16,3).

A relação completa é formada assim: 8º - Martins Soares – 16,2; 9º - São João do Manhuaçu – 14,4; 10º - Caratinga – 14,2; 11º - Caparaó – 12,8; 12º - Carangola – 14,2; 13º - Santa Rita de Minas – 12,1; 14º - Santa Margarida – 11,9; 15º - Alto Jequitibá – 11,4; 16º - Reduto – 10,6; 17º - Ipanema e Cataguases – 10,1; 19º - Raul Soares – 9,7;  20º - Conceição de Ipanema – 8,1; 21º - Santana do Manhuaçu e Matipó – 7,9; 23º - Caiana e Simonésia – 7,8; 25º - Abre Campo – 7,5; 26º - Caputira – 7,3; 27º - Vermelho Novo – 7,2; 28º - Bom Jesus do Galho – 6,3; 29º - Chalé – 5,8; 30º - Manhuaçu – 5,7; 31º - Divino – 5,3; 32º - Manhumirim – 4,8; 33º - Sericita – 4,6; 34º - Rio Casca – 4,4; e 35º - Espera Feliz com 1,6. As cidades de Alto Caparaó, Luisburgo, São José do Mantimento e Taparuba figuram como média 0 no período 2002-2004.

ACIDENTES DE TRANSPORTE

Já a tabela que mostra os municípios com as maiores taxas de óbitos por acidentes de transporte inclui as cidades da região. O documento explica a presença das cidades nos 556 municípios com as maiores taxas médias de mortes em acidentes de transporte na população total.

Segundo o relatório da OIE: “Diferentemente do que se observou nos homicídios, não existe grande concentração de mortalidade em poucos municípios. Pelo contrário, parece ser uma realidade bem espalhada, que depende muito de diversos fatores, muitos deles circunstanciais, como situação de conservação das estradas, sinalização etc., e outras mais estruturais, como cultura viária da população, estruturas de fiscalização etc. Assim, os 556 municípios com as maiores taxas de óbitos por essa causa, só representam 20% da mortalidade em acidentes de transporte”.

Além disso, tendem a ser municípios de bem menor porte do que no caso dos homicídios e também menor do que a média nacional. “Se, nos homicídios, os 10% de maior índice de ocorrências concentravam 42% da população total do país, aqui representam apenas 7,9%. Se a média de habitantes nos 10% de municípios com maiores índices de homicídio era de 135,3 mil por município, a média municipal, no caso das mortes por acidentes de transporte, é de 25,4 mil por município”, destaca o relatório, disponível na internet desde quarta-feira.

Nessa tabela, Governador Valadares aparece em 52º, seguido de Manhuaçu (229º), Caratinga (360º), Cataguases (461º), Ubá (474º), Além Paraíba (501º), Ponte Nova (521) e Viçosa (548º). No total, mais de 50 municipios mineiros de médio e grande porte figuram na lista dos 556.

Carlos Henrique Cruz - 04/03/07 - 09:10

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