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Nova denúncia na saúde é apresentada na Câmara

03/03/2007 - Atualizado em 09/03/2007 17h08

A saúde pública continua sendo questionada pelos usuários que precisam utilizar o Sistema Único de Saúde (SUS). Alvo de denúncias que começaram na Câmara Municipal, o assunto voltou ao palco do Legislativo em novas denúncias divulgadas pela vereadora Maria Imaculada Dutra. A presidente explica que, após os vereadores contarem os primeiros episódios, surgiram reclamações sobre demora de atendimento que podem ter custado a vida de crianças. As duas novas acusações são relacionadas a demora para realização de partos.

Na última terça-feira, a vereadora contou que são dois casos novos. “Um pai reclamou que a esposa ficou quatro dias internada com dores e quando foram atendê-la, já não se podia fazer mais nada. O filho morreu. Foi negada uma cirurgia cesariana para a mulher. Outro caso apareceu no mesmo sentido. A grávida ficou indo e voltando e nada de atendimento. Da mesma forma, a criança morreu. Estamos encaminhando os casos para as autoridades investigarem a veracidade e até para saber se existem mais casos”, afirmou a vereadora.

R$ 1.700

Segundo a vereadora, o mais novo caso que chegou ao conhecimento do Legislativo envolveria um procedimento estranho: “A sétima denúncia foi de que um médico pegou uma paciente dentro do consultório, levou ao SUS, fez o procedimento com equipamentos do SUS e cobrou 1.700 reais como se fosse particular. Ele deu recibo e queremos saber como isso pode acontecer. Queremos uma explicação plausível para isso”.

Apesar de citar pelo menos sete situações já denunciadas, Maria Imaculada argumenta que é preciso apurar bem o que está sendo denunciado. “O Hospital César Leite é o melhor da região e a equipe medica é reconhecida como a composta pelos melhores profissionais. Em geral, a classe médica em Manhuaçu é respeitada e é exemplar. Ao que parece, são poucos que andam enlameando o nome da classe. O que não podemos é deixar de apurar tanto no hospital quanto no sistema de saúde”, afirmou. Ela também admitiu que o salário não é justo e que o SUS paga mal pelos procedimentos, mas “isso não pode justificar que atos dessas natureza realmente estejam ocorrendo”.

Sobre as denúncias, Imaculada conta que acredita nas ações do Ministério Público e das administrações do HCL e do SUS no sentido de apurar e, se comprovadas as denúncias, tomar as providências cabíveis.

PRÓSTATA

As denúncias sobre a saúde começaram no final de janeiro. Segundo a presidente, foi procurada por uma família cujo paciente precisava de uma cirurgia de próstata. “Apesar de todos os procedimentos via SUS, o médico teria cobrado 400 reais para fazer a cirurgia”, afirmou. Ela diz que o quadro do paciente não permitia esperar que se buscasse outros recursos e orientou os familiares a fazerem o pagamento.

“Depois que ela pagou, procurei o secretário de saúde Rogério Ferreira e contei o que aconteceu. Nós procuramos o médico e ele alegou que estaria cobrando por uma alça que era utilizada na cirurgia de próstata e que o HCL não fornecia. A administradora do hospital Ana Lígia informou que desconhecia esse procedimento”, afirmou Imaculada.

Dois dias depois, uma outra pessoa procurou a vereadora com o tio em estado grave em outra cirurgia de próstata e o medico cobrava 600 reais. A presidente da Câmara diz que olhou a internação e estava tudo acertado pelo SUS para o dia 21 de janeiro: “Para nossa surpresa, no dia 22, ele continuava no HCL e o médico não marcou a cirurgia, aparentemente, por que não recebeu”. Para ela, isso foi o suficiente para que acionassem o Ministério Público.

Houve mais duas denuncias. Um paciente que estava internado e voltou para casa em Bom Jesus de Realeza sem o procedimento. Outro caso também de distrito. O Ministério Público acionou a Secretaria Municipal de Saúde e o hospital para resolverem com outros médicos. “Eu sei que duas situações já foram resolvidas e agora os promotores estão levantando tudo”, destacou.

Imaculada admite que nos primeiros momentos foi pressionada por colegas para que não mexesse com isso. “Pela minha vida política e a forma como eu sempre lutei pelo direito das pessoas, eu me senti chateada com as pressões e não esperava que viessem me pedir isso. Há denuncias graves de que houve até morte de crianças. Não podemos aceitar pressão e nem sermos omissos. Acho que a preocupação é defender a população carente das garras de gente dessa natureza”, finalizou.

Carlos Henrique Cruz - 05/03/07 - 06:12

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