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Novas rachaduras obrigam mais famílias a deixar casas em Realeza

05/01/2011 - Atualizado em 05/01/2011 08h47
No final da manhã de ontem, rachaduras No início da tarde, a parede cedeu

Mais cinco famílias foram obrigadas a deixar suas casas no bairro Sagrada Face, em Realeza, distrito de Manhuaçu, nesta terça-feira, 04. Novas rachaduras estão atravessando a rua Letícia Coelho Sette e derrubando casas anunciando que mais um trecho do loteamento será condenado.

Desalojados e muito preocupados com os riscos de novos deslizamentos e danos em suas casas, moradores estão cobrando providências do Ministério Público, Prefeitura de Manhuaçu e autoridades. Segundo eles, as novas rachaduras e trincas estão repetindo o drama vivenciado por moradores das duas ruas afetadas desde 2003. No primeiro desabamento, grande parte do bairro cedeu, duas ruas e 22 casas desapareceram com o deslocamento do solo.

Edson é morador da rua Letícia Coelho Sette e diz que está cansado de visitas de especialistas e técnicos sem soluções para o problema. “Queremos saber o que podemos fazer par a reduzir os problemas. Estamos com muitas casas trincadas e barrancos cada dia cedendo mais. Já cansamos de ouvir promessas”, afirmou.

Uma das casas, durante o período em que a reportagem do Portal Caparaó esteve no bairro, perdeu uma de suas paredes. Quando a equipe chegou, havia várias rachaduras e trincas, mas em poucos minutos, com o deslocamento do terreno, a parede veio abaixo.

Fabiana mora no bairro há 12 anos e também está indignada com a falta de soluções concretas. “Queremos saber o presidente da Associação de Realeza, vereadores, prefeitura e a Defesa Civil vão fazer. Estamos desesperados e tem alguns que querem fechar a BR-116. Se essa rua agora acabar, o restante do bairro fica isolado. Por ela passam redes pluviais, água, esgoto e iluminação pública e ela é o caminho para todas as outras ruas. Todo mundo vem olhar, mas solução mesmo não tivemos”, afirmou Fabiana.

CINCO FAMÍLIAS

A Defesa Civil de Manhuaçu esteve no local com engenheiro e avaliou as casas. Cinco famílias foram orientadas a deixar os imóveis.

A Coordenadora Municipal de Defesa Civil, Vininha Nacif, explica que o local é monitorado ao longo dos últimos anos e não houve novos registros. “Agora com esse período chuvoso mais intenso, notamos o retorno do problema. A situação se agravou e afetou várias casas, além da rua que dá acesso ao bairro. Estamos providenciando a retirada de alguns moradores, contudo a situação do bairro é muito complexa. Infelizmente, já vieram especialistas e não tivemos uma solução definitiva, pois é algo mais complicado”, afirmou.

O novo bairro surgiu numa encosta acima do trecho em que seguem paralelas as BRs-116 e 262, em Realeza. Além do bairro, construções na parte de baixo e uma obra do DNIT retiraram a sustentação do barranco. Aliado a isso, o terreno é muito instável e apresenta um grande deslocamento de terra.

Vininha diz que a maior dificuldade com as famílias é que a maioria é proprietária do imóvel. “Eles não moram de aluguel e aí é mais complicado retirar essas famílias. Temos que preservar a vida e prevenir maiores problemas. O problema é um desdobramento do cenário que viemos assistindo desde 2003. Mais uma rua do bairro inteiro está condenada”, analisou.

O ex-vereador Jânio Sérvio Mendes (Catinga) alegou que o problema do bairro segue numa demanda judicial desde 2003. “O Promotor de Justiça Dr. Sergio Faria entrou com Ação Civil Pública que foi apresentada na Justiça Federal em Ipatinga. Estivemos na Justiça Federal, vieram agentes apurar e vários engenheiros. Fizeram relatórios e exigiram providências. Foi dado um prazo ao DNIT para apresentar um relatório completo e uma obra que será executada. Temos notícia que estão elaborando um novo projeto, mas achamos um absurdo a demora com que eles fazem”, argumentou.

Segundo Catinga, o DNIT gastou sete milhões de reais, o mesmo valor que se utilizou para construir o aeroporto, há quatro anos, e não foi resolvido.  “Os moradores precisam de um projeto que possa resolver o problema”, sentenciou.

Além da questão judicial, o vereador explicou que conseguiram que o DNIT cedesse uma antiga área dele em Realeza para construir as novas casas. “Queremos realocar as famílias, contudo é uma dificuldade enorme e precisamos também de recursos para construir as novas casas, depois que a Secretaria de Patrimônio da União para liberar o terreno. Temos que pedir muito a Deus que não aconteça uma tragédia”, concluiu.

Jailton Pereira - portalcaparao@gmail.com

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