A análise dos últimos anos revela que, apesar de todos os seus problemas e limitações atuais, Manhuaçu está longe de ser um projeto que não deu certo. O que não nos livra da necessidade de aprofundar as transformações iniciadas nas três últimas décadas a fim de criar um novo – e fundamental – ciclo de desenvolvimento sustentável e ordenado.
De 1977, quando se comemorava o centenário de emancipação, até os dias atuais, uma série de mudanças no quadro político e estrutural aliada ao crescimento econômico e a polarização regional transformaram Manhuaçu numa cidade singular. Ao contrário de outros pólos do mesmo porte, a cidade vive uma peculiaridade. Tem 73 mil habitantes, mas serve de suporte para uma população flutuante de 300 mil moradores a cada mês.
Com área de 627 km², apresenta um índice de ocupação de 117 habitantes por quilômetro. Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) foi de 507 milhões de reais. O PIB per capita corresponde a R$ 6.905,95 – o mais alto da região. Em Caratinga, o valor é de pouco mais de 4 mil reais e em Muriaé R$ 4.587,92. Os números são de 2006. O PIB anual de Manhuaçu supera Coronel Fabriciano, empata com Teófilo Otoni e perde para Timóteo, Ipatinga e Governador Valadares. Somente em Impostos sobre Serviços (ISS), o município arrecadou em 2006, 17 milhões e 260 mil reais, segundo dados oficiais.
São números atrativos para qualquer investidor externo, mas para atingir e manter esses índices, o município sabe que é preciso fazer mais do que comemorar. Nos últimos trinta anos, Manhuaçu viveu algumas mudanças e oscilou entre o crescimento e a retração. Quase uma década foi perdida em função de problemas políticos e insegurança administrativa.
A primeira grande contribuição do Governo Sérgio Breder é justamente em dar garantias administrativas e segurança aos investidores. Nenhuma empresa investe onde há riscos para seus negócios. A boa fase econômica é resultado de uma conjugação de fatores e passa pela estabilidade conquistada desde o início deste século e mantida até agora. “Desde que assumimos, reunimos forças em favor de um projeto de desenvolvimento. Mostramos a todos que Manhuaçu tem um governo forte, coerente e de decisão. Lógico que existem investimentos e outros projetos a serem desenvolvidos, mas chegaremos ao final desse mandato com uma cidade com muito mais qualidade de vida e com uma renda melhor do que antes”, afirma o prefeito Sérgio Breder.
INFRA-ESTRUTURA
Sérgio Breder lembra a obra de construção do sistema de abastecimento para comparar a atual fase de expansão de Manhuaçu. “No final da década de 70, quando Camillo Nacif implantou o serviço de água. Manhuaçu recebia a sua obra do século, pois era a estrutura que a cidade precisava para crescer. Quando todos vêem os nove quilômetros de adutoras ligando Manhuaçuzinho à cidade, devem enxergar algo muito maior do que água”, destaca.
Para o prefeito, nos últimos três anos a prefeitura tem atuando no sentido de dotar o município de obras de grande porte em infra-estrutura e manter o dever de casa em dia, com os trabalhos de saneamento, investimentos em educação, saúde e obras.
“A vinda do Corpo de Bombeiros, a construção do Aeroporto de Santo Amaro, o Centro Viva Vida e todas as obras de asfaltamento em vias principais representam atrativos para investidores. Manhuaçu se coloca preparada para o futuro”, afirma. Entre as grandes obras, uma delas ainda continua como alvo essencial do governo: a construção do novo Pronto Atendimento junto ao Hospital César Leite. A obra depende do Departamento de Obras Públicas do Estado.
Por outro lado, com recursos próprios, o governo municipal investe na qualidade de vida dos cidadãos. Em três anos de governo, mais de 35 escolas municipais foram reformadas ou ampliadas; novos postos de saúde; a frota municipal recebeu mais de 20 novos veículos e recuperou outros 15; e até agora foram executados calçamentos e asfaltamentos em mais de 90 ruas em todos os bairros, distritos e vilas. “Não adianta termos as grandes obras, se o básico não é feito. Vamos terminar o governo com todas as ruas dotadas de calçamento, redes pluviais e de esgoto e iluminação pública. Isso representa qualidade de vida para a população”.
PLANEJAMENTO
Em visita a Manhuaçu esta semana, o Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (CREA-MG) Gilson Queiróz decidiu conhecer o convênio entre Prefeitura Municipal e Associação dos Engenheiros e Arquitetos. Pioneiro no estado e um dos mais avançados em atuação, apesar do pouco tempo, o projeto vai ser apresentado como modelo em Mariana, em dezembro, durante reunião do CREA e da Associação Mineira de Municípios.
“Manhuaçu cresceu bastante nos últimos anos e isso aconteceu sem o planejamento devido. Houve alguns avanços, mas a iniciativa de firmar esse convênio garante fiscalização e conhecimento técnico para planejar urbanisticamente a cidade. É um diferencial de um município que por muitos anos não pensou em planejamento”, afirma Queiroz.
Para a comitiva do CREA, o planejamento urbano, a aplicação de leis sobre o uso e ocupação do solo e o efetivo cumprimento do Plano Diretor fazem a diferença entre crescer e desenvolver. “Não adianta deixar uma explosão de crescimento. É preciso desenvolver com políticas públicas adequadas e o ordenamento do uso e ocupação do solo”, ressaltou.
O Plano Diretor de Manhuaçu indica a expansão geográfica da cidade em direção às regiões localizadas acima da BR-262, como as áreas além dos bairros Pouso Alegre, Alfa-sul, Bom Jardim e Ponte da Aldeia, ao mesmo tempo em que apresenta focos de urbanização no Bom Pastor e no bairro Bela Vista.
Ao contrário do restante da cidade, o plano já demonstra como devem ser ocupadas essas áreas e leva em conta a proposta do contorno rodoviário. “É visível que Manhuaçu tem uma tendência de se expandir para a região em que se propõe o contorno. Lógico que a ocupação deve ser marcada por empresas dos setores comercial e industrial”, afirma o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Agronegócios de Manhuaçu (Aciam) André Farrath.
A expansão prevista para essas áreas determina trechos específicos para áreas habitacionais, estruturas institucionais como escolas e serviços de saúde e pólos de desenvolvimento industrial.
Ao mesmo tempo que o crescimento vertical do centro de Manhuaçu é apontado como um fator positivo, a cidade convive com um trânsito caótico e sem soluções de curto prazo por conta da frota de veículos – considerada acima da média no estado.
MEIO AMBIENTE
Dois focos merecem atenção no quesito ambiental. Um dos temas recorrentes é a chamada “ilha de calor”. A área caracterizada pelo centro da cidade é apontada pela AEA e pelo CREA como um fator preocupante e que precisa de investimentos por conta do aquecimento maior do que outros locais da cidade.
Se há 30 anos, a preocupação era abastecer a cidade com a água de Manhuaçuzinho, hoje o grande projeto envolve a despoluição do Rio Manhuaçu.
Em Realeza, o SAAE busca recursos para captação e tratamento de todo o esgoto do distrito com a reativação e a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto. Na cidade, os projetos do município são mais audaciosos. A idéia é construir sistemas de captação ao longo do rio e dos córregos para levar o esgoto a uma estação de tratamento a ser construídas depois da cidade.
“Temos captado recursos que garantem a estrutura nos bairros e conduzem o esgoto para as redes do Saae. A segunda etapa é justamente iniciar os projetos de captação e tratamento. É um grande desafio, mas que precisa ser colocado como prioridade”, afirma o diretor do Saae Gentil Pazeli. O município é hoje a principal cidade a jogar seus efluentes na bacia do rio Manhuaçu. Carlos Henrique Cruz - 05/11/07 - 00:01 - portalcaparao@gmail.com