Professores da rede municipal de ensino de Manhuaçu iniciam a paralisação parcial das aulas a partir desta segunda-feira, 04. A chamada “operação tartaruga” é um indicativo de uma greve que pode começar no dia 11. O motivo é a falta de definição sobre a readequação dos salários ao piso nacional do magistério.
Em assembléia com a presença de cerca de 150 professoras, na sede da Câmara Municipal, foram apresentados os dados da negociação e as propostas da Administração. Apesar do pedido de mais prazo, os educadores municipais preferiram iniciar o movimento de redução das aulas como um alerta da possibilidade de greve.
“Nós gostaríamos de explicar que tentamos de tudo para fazer uma negociação com o prefeito Renato Cezar, a assessoria jurídica e o secretário de Educação, Eduardo Portilho, e não tivemos êxito. Há muito tempo que estamos tentando adequar o piso nacional em Manhuaçu, porém como perdemos o prazo do dia 10 de abril, agora tentamos fazer uma readequação desse piso que iria para 1.015 reais. Tivemos reuniões vários dias com a Administração e não conseguimos resposta. Procuramos a Justiça e vemos que essa readequação é legal”, conta a professora Andréia Pereira Lima, que integra a comissão de professores.
Ela explica que a operação é uma forma de pressionar o Poder Público: “O piso nacional vem desde 2008 defasado. Apresentamos uma proposta positiva, contudo não veio resposta alguma. Pedimos a colaboração e compreensão dos pais. Eu como mãe, sei que as crianças serão prejudicadas, mas é preciso que os pais nos ajudem na nossa difícil tarefa de colocar os governantes dispostos a nos ajudar”.
A “operação tartaruga” vai de segunda até quarta. As escolas vão encerrar as aulas às 09:30 horas, no período da manhã, e até às 15 horas, no turno vespertino. Os professores marcaram nova assembléia para o dia 11. A partir dessa data, a idéia é iniciar a greve (paralisação total).
O QUE AS PROFESSORAS QUEREM
Alguns municípios brasileiros já implantaram mais 1/3 de hora-atividade para professores, que dá direito ao docente cumprir 33% da jornada de trabalho fora da sala de aula, em atividades de planejamento e elaboração de projetos.
Ao invés de um reajuste no piso salarial, a categoria busca que Manhuaçu adote a hora-atividade. Assim, o valor que receberiam subiria para 1.015 reais. Hoje, o valor definido pela prefeitura é de 870 reais. O recurso da hora-atividade é previsto na lei federal 11.738/08, mas ainda é muito questionado na Justiça por governos estaduais e municipais de todo o Brasil.
A representante do sindicato UNSP, Carmem Brum, explica que há legalidade da readequação com 1/3 de horas para a categoria, já que isso a lei eleitoral permite. “O período está ficando complicado e queremos maior agilidade, já que vamos entrar na fase de campanha. Vamos aguardar para ver a decisão da prefeitura e definir o futuro do movimento. Infelizmente, chegamos a esse ponto porque o prazo está acabando e não há uma solução nessa história”, garante.
Carlos Henrique Cruz - portalcaparao@gmail.com